O meu filho respira corretamente?

 A respiração bucal afeta negativamente o sorriso da criança. Afeta não só a face, mas também os seus dentes, as vias aéreas e sua postura.

Infelizmente a maioria dos pais não faz a menor idéia das consequências da respiração bucal no desenvolvimento facial.

Ainda que a respiração bucal na maioria das vezes seja em parte nasal e em parte bucal, uma sequência de distúrbios morfofuncionais, patológicos devem merecer a atenção de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar.

A respiração bucal é decorrente de obstrução nasal completa ou incompleta, uni ou bilateral. A longo prazo poderá apresentar prejuízos à saúde, muitas vezes irreversíveis se não diagnosticada e tratada precocemente.

A respiração pela boca pode causar alterações na face e desenvolvimento das arcadas dentárias que resultam em dentes apinhados pela falta de espaço, arcadas muito estreitas e uma mandíbula  muito para traz no perfil, além da constrição do nariz e garganta.

Passagens de ar estreitadas podem ainda dar origem ao ronco e apneia. Você observa o seu filho quando ele dorme?

          Mais de 50% das crianças de 4 anos de idade respiram pela boca a maioria do tempo! 

Características a serem observadas em crianças portadores de respiração bucal:

  • Língua com postura inadequada. Geralmente está muito baixa dentro da boca ou colocada entre os dentes ou para fora da boca;
  • Palato estreito e profundo (ogival);
  • Crianças que babam a noite, muitas vezes acordando com a boca seca;
  • Crianças irritadiças por noites mal dormidas que tem comportamento hiperativo ou sonolento com baixo desempenho escolar;
  • Olheiras, flacidez e bochechas caídas;
  • Crianças que evitam exercícios que exige maior esforço porque estão sempre cansadas;
  • Ruído durante a respiração e mastigação;
  • Narinas pouco desenvolvidas;
  • Face longa;
  • Alterações posturais. A cabeça inclina-se para frente para aumentar a passagem de ar e melhorar o fluxo respiratório. A projeção da cabeça favorece outras alterações na postura corporal prejudiciais a longo prazo.

Embora a respiração pela boca seja o fato que primeiro se vê, existe um outro problema igualmente importante associado a ela e com consequências igualmente graves – a atividade anormal da língua durante a deglutição.

Geralmente as crianças portadoras de respiração bucal crônica vão ter um padrão imaturo de deglutição, chamado de deglutição atípica.

A língua se projeta contra os dentes incisivos durante a deglutição e contrações muito fortes dos lábio e musculatura facial podem levar a uma deformação na arcada dentária. É muito comum aparecer uma mordida aberta na região anterior em decorrência disto. Além disto, o desequilíbrio funcional prejudica a qualidade da mastigação.                                                             O melhor que se pode fazer por estas crianças em um primeiro momento é fazê-las respirar melhor. A respiração nasal é a maneira mais efetiva de controlar a função anormal da língua.

Por isto, estas crianças precisam ter uma avaliação com o otorrinolaringologista e/ou alergista para avaliar as vias aéreas e a passagem de ar e estabelecer um tratamento o mais precocemente possível.

O médico definirá a melhor terapia para que esta criança respire pelo nariz.

             Quanto mais cedo se estabelecer a respiração pelo nariz melhor o potencial dos estímulos de crescimento sobre a face.

Após a remoção dos obstáculos mecânicos que causavam   impedimento da respiração livre, deve-se dar continuidade do atendimento do paciente, de forma que ele possa vivenciar o seu potencial de crescimento.

O Cirurgião Dentista especialista em Ortodontia e Ortopedia facial/ Ortopedia funcional deve então realizar a avaliação dentofacial.

A atuação precoce seja através de aparelhos ou não deverá ser orientada para corrigir a má oclusão (mordida), as alterações de crescimento subsequentes, ou simplesmente interromper o hábito de manter a boca aberta que se desenvolveu como consequência da respiração bucal.

Aparelhos de ortopedia funcional dos maxilares podem de forma eficaz estimular o crescimento e corrigir as deformidades dento-faciais, caso elas já estejam presentes.

Não estamos indiferentes à síndrome do respirador bucal. Nosso foco não é somente a tratar as alterações dento faciais que ela representa.

Por isso, antes de tudo, o mais importante é abordar aspectos que possam prevenir distúrbios trazidos pelas inadequações respiratórias.

Afinal, respirar é viver!