Arquivo da categoria: Ortopedia Funcional dos Maxilares

Os Alinhadores Ortodônticos podem ser utilizados em crianças?

 

Neste momento em que os alinhadores estão tão em voga no tratamento ortodôntico de adultos, surge a questão do uso deles em crianças.

Considerando que os alinhadores ortodônticos não favorecem o desenvolvimento adequado de ossos e maxilares, o tratamento então deve ser realizado por aparelhos específicos.  A prioridade não deve ser alinhar dentes, mas guiar o crescimento. Por isto nesta fase, para crianças, a Ortopedia Funcional dos Maxilares tem um papel fundamental!

Na fase dos dentes de leite, chamada de dentição decídua, ou mesmo em uma fase mais adiantada do desenvolvimento das arcadas dentárias, aquela em que acontece a troca dos dentes de leite pelos dentes permanentes, alterações importantes de crescimento estão acontecendo nas arcadas dentárias e demais ossos da face.

É possível que algumas crianças apresentem então pequenas rotações dos dentes anteriores ou mesmo leves apinhamentos dentários ou outros problemas na mordida, cuja estética cause preocupação para os pais.

Os aparelhos, quando necessários nesta fase, devem propiciar condições para que haja um crescimento ósseo favorável, liberando os movimentos da mandíbula, criando estímulos necessários para a formação óssea, de forma que quando os dentes permanentes irromperem na cavidade bucal encontrem espaços adequados nas arcadas e suas bases ósseas.

Além disto, o objetivo nesta fase é atingir um desenvolvimento saudável das articulações temporomandibulares e um crescimento facial harmônico.

As forças geradas pelos aparelhos de Ortopedia Funcional dos Maxilares através de estímulos fisiológicos favorecem uma mastigação bilateral e alternada gerando crescimento em ambas as arcadas. Além disto, estes aparelhos removem as alterações funcionais provocadas pelo mau uso da mamadeira, chupeta, ou que tenham resultado da deglutição “atípica” ou imatura ou pela respiração bucal, etc., fatores que podem ter contribuído para os “desalinhamentos” e mordidas disfuncionais.

Na dúvida, a busca de orientação e/ou tratamento deve ser feita o mais precocemente possível junto a um profissional, especialista na área de Ortopedia Funcional.

Tratamento ortopédico funcional: Por que iniciar precocemente?

Faz-se necessário enfatizar a necessidade de intervenção na infância, em fase bem precoce, considerando-se que mais de 60% do crescimento da face de uma criança acontece antes dos 6 anos de idade e quase 80% de suas dimensões transversais já estão estabelecidas nesta fase.

Há estudos que afirmam que dos 3 aos 6 anos as crianças apresentam um surto de crescimento facial maior do que aquele que acontece na adolescência, no estirão pré-puberal.

Através de aparelhos removíveis estímulos de curta duração e baixa intensidade são capazes de produzir modificações ósseas, nos músculos e na posição dos dentes.

Nem sempre o tratamento precisa de aparelhos. Pistas diretas construídas nas arcadas dentárias podem ser indicadas em alguns casos promovendo da mesma forma o equilíbrio das funções bucais.

O objetivo é remover as interferências indesejáveis durante o crescimento e desenvolvimento agindo na prevenção, na eliminação de hábitos bucais prejudiciais e principalmente atuando com técnicas não invasivas que fazem o treinamento da musculatura bucal.

A desarmonia no tamanho das arcadas e as alterações dentárias podem ser de origem hereditária, porém, a maioria dos desequilíbrios dentários e da face resultam de problemas miofuncionais ou seja, mau funcionamento da musculatura bucal, decorrentes de maus hábitos. São comumente associados com respiração bucal.

Esta radiografia de uma criança de 7 anos de idade demonstra um retrognatismo severo (mandíbula pequena), dentes superiores protrusos que trazem dificuldades para executar o fechamento labial favorecendo a instalação de desequilíbrios miofuncionais.

Da mesma forma que o tratamento busca o equilíbrio funcional e esquelético, hábitos indesejáveis, ou estímulos não fisiológicos, tem um efeito oposto.

O uso de chupetas, mamadeiras inadequadas, um padrão anormal de deglutição denominado também de deglutição atípica, ou imatura, respiração bucal , hábitos incorretos na mastigação, alterações posturais, interferências dentárias, etc. podem levar a um desequilíbrio funcional – função da língua, lábios e postura mandibular.

Por isto enfatizamos as medidas preventivas que começam já no recém- nascido.

A amamentação quando feita no seio materno é a primeira ginástica facial que faz com que os ossos da face possam ser estimulados corretamente favorecendo também a respiração pelo nariz e o desenvolvimento do terço inferior da face (mandíbula).

Mais tarde com a introdução de uma mastigação correta na quais  alimentos fibrosos, duros e secos são colocados na dieta haverá o estímulo de crescimento transverso da maxila e mandíbula. Com estes cuidados teremos arcadas mais desenvolvidas para que todos os dentes encontrem espaço e a língua possa executar adequadamente as suas funções de deglutição, fonação com postura correta.

O tratamento ortopédico funcional está indicado desde a primeira dentição, ou seja, na dentição de leite que está estabelecida ao redor dos 3 anos ou mesmo na dentição mista, fase em que ocorrem as trocas dentárias.

A atuação ortopédica funcional deve ser iniciada muito antes que o paciente apresente todos os dentes permanentes na arcada!!!

Da mesma forma que a plasticidade óssea ou o remodelamento ósseo responde negativamente aos maus hábitos com alterações indesejadas na forma e tamanho das arcadas, os aparelhos ortopédicos podem reverter às forças musculares atuantes e normalizar a forma e a função.

Quando a mandíbula é muito pequena, por exemplo, e é posicionada para traz no perfil facial é comum o lábio inferior se colocar atrás dos incisivos superiores. O resultado é adverso para o crescimento mandibular. As funções bucais (fala, deglutição, mastigação) ficam seriamente prejudicadas.

A utilização de um aparelho ortopédico funcional instalado em fase precoce pode corrigir a postura da mandíbula, da língua e criar estímulo para a harmonização do crescimento facial. Com isto é possível melhorar a estética da face.

Assim a direção de crescimento é alterada para uma relação de equilíbrio estrutural onde maxila e mandíbula estão bem posicionadas com um resultado estético harmonioso, graças a uma intervenção em fase de crescimento precoce muito antes que seja indicado um tratamento ortodôntico ou ortodôntico-cirúrgico.

Salientamos portanto, a importância de agendar uma consulta para verificação da necessidade de tratamento. Quanto mais precoce, melhores e mais eficientes serão os resultados.